Não adult(eremos) nossas crianças!
“Deixai vir a mim as criancinhas porque delas é o reino do céu”
Criancinhas todos sabemos o que seja. Ou já não mais sabemos?
E reino do céu? Será que sabemos?! Nós adultos que vivemos da e para a aflição? Que não mais valorizamos o cultivo das virtudes? E que, por isso mesmo, nem mais sabemos distinguir alívio de prazer? Ou pior, que passamos a considerar prazer aquilo que não passa de alívio?!
E se assim somos, como podemos ensinar diferentemente as nossas crianças?
Reino do céu não é apenas a vida após a morte. Ele começa aqui e foi para implantá-lo aqui que Cristo se fez homem e habitou entre nós. E suas principais características estão definidas por Ele no sermão da montanha, através da explicitação das bem-aventuranças. Bem-aventuranças tão mal compreendidas por este saber mecanicista-tecnocrático que tem ministros religiosos pregando “bem aventurados os pobres de espírito“ em vez de pobres em espírito. E em sendo assim, teriam que pregar também, e o fazem constantemente, bem aventurados os aflitos. E é, portanto, nesse reino da aflição e da pobreza de espírito que a maioria dos adultos tem feito as crianças entrar.
E aí enfraquecem, adult(eram) ou até mesmo matam o espírito de criança. São menininhas de 5 ou 6 anos usando batom, fortes perfumes, sapato alto e até desodorante! São menininhos de mesma idade enfrentando os adultos e até com palavrões! E, seja menina ou menino, abrindo a boquinha cheia de dentes, alguns ainda de leite e, com o peito estofado e o nariz empinado, afirmando: “eu odeio isso ou aquilo!”
Definitivamente estamos impedindo nossas crianças de adentrar no reino do céu! Em especial e lamentavelmente durante o desenvolvimento de suas fases biológicas, em especial a oral, onde as temos sistematicamente castrado através da repressão ao seu paladar, com consequente valorização da gula, impedindo-as de reconhecer e conhecer o mundo do prazer. Pois é exatamente aí que podemos aprender o que é prazer para podermos distingui-lo do alívio. E na medida em que as estamos impedindo de descobrir o que é prazer, estamos lhes passando o essencial dessa cultura: alívio é prazer e não tem jeito de ser diferente. Ou por outra, só podemos produzir/reproduzir energia material humana mortal/negativa e buscar dela nos aliviar, dando a isso o nome de prazer. Com isso a vida passa a ser um fardo que temos de carregar até o alívio final, a morte. Nesse meio tempo vamos nos drogando com drogas lícitas ou não e, cada vez mais, castrando e adult(erando) nossas crianças!
Algo tem que ser feito para quebrarmos esse ciclo vicioso: adulto que não sabe o que é prazer ensinando crianças que alívio o é.
Inauguremos um ciclo virtuoso! Encaremos nossas limitações e passemos a cultivar o reino das virtudes. É nele que produzimos/reproduzimos a energia material humana vital/positiva que, fruída, nos dá a sensação do verdadeiro prazer e consequente satisfação e felicidade. Só assim poderemos iniciar um processo de recuperação do espírito de criança em nós e nos nossos filhos. E Aquele que pediu que deixemos as criancinhas ir a Ele cuidará do resto.
E voltaremos a poder desejar verdadeiramente um feliz dia das crianças!