O Pecado

Superação do cio biológico: A história humana (individual e coletiva) é determinada pela superação do cio biológico da fêmea em busca do cio psicobiofísico.          A Sabedoria Popular sempre considerou a dimensão da Energia Material Humana na sua visão de mundo.          O afluxo sanguíneo é que gera a potência genital, seja no homem, seja na mulher.          As doenças do corpo e da mente são alimentadas pela energia material humana mortal/negativa.          Fusão genital é o modelo de relação sexual onde homem e mulher vivenciam sua potência genital.          O modelo de vida (individual ou coletiva) da auto-regulação pressupõe a consciência e o enfrentamento da realidade do pecado.          A noção de pecado originária da Sabedoria Popular é porque essa sempre considerou a dimensão da energia material humana na sua visão de mundo.          Para a Sabedoria Popular pecado é a transgressão de alguma lei que rege a natureza humana.          Potente é quem, mais do que em suas capacidades, tem consciência de seus limites e os respeita, buscando sua superação.          A vivência da virtude nos faz potente e a vivência do pecado nos deixa impotente para amar e gozar a vida.          Não existe pessoa desorganizada: uns se organizam para ter paz, outros para ter aflição.

 

Se na esfera social

tem-se por crime o delito,

no sistema natural

gera o pecado o conflito

O pecado é a transgressão

de qualquer lei natural

que regula uma função

do sistema corporal.

Não só o corpo pessoal

mas também o coletivo:

no sistema universal

somos objeto ativo.

Toda culpa é consequência

da natureza agredida

e, do inconsciente, a ciência

de toda lei transgredida

 

Ninguém é mau porque quer.

Todos querem usufruir,

seja homem ou mulher,

desta vida a fluir.

Mas pra isso é preciso

sua potência exercer

tendo perfeito juízo,

que esse é o centro do viver.

Essa potência se mede

pelas tais funções orgânicas

e à moral nunca que cede

em suas buscas messiânicas.

O ser homem é um conjunto

de um tanto de funções.

E se elas não andam junto,

revigoram-se as convenções.

Convenções que só sustentam

os vícios e suas causas.

E o corpo não aguenta,

termina sendo só náuseas.

Náusea do que é natural,

náusea até mesmo de si,

elegendo o que é normal

pra driblar o seu sentir.

Reconhece a impotência

e com ela faz um pacto

de criar uma ciência

pra viver só para o fato.

Só que o homem não se afere

pelo fato objetivo.

O que o toca e que fere

é o fato subjetivo.

Veja a lei da gravidade!

Não se altera por decreto!

Lidar com propriedade:

só assim é que dá certo.

Nosso corpo é natureza

que devemos cultivar

e com toda a nobreza

suas leis observar.

Agredi-las é pecado.

Não é questão de moral.

É da física o recado

de lidar com o natural.

II

Negam atuais teorias

do pecado a existência,

criando até terapias

pra atuar na consequência.

Toda culpa é consequência

da natureza agredida

e, do inconsciente, a ciência

de toda lei transgredida.

O sentimento de culpa

é apenas resultado

que não precisa de lupa

pra saber o que é pecado.

A natureza não revida,

ela espera e um dia vinga

a quem lhe fez a ferida

dela saindo a catinga.

E o corpo geme e grita,

senão hoje, no amanhã,

o que na alma aflita

pactuou com o satã.

Que a natureza odeia,

pois que dela não faz parte:

o artificial permeia

com ares de bela arte.

III

O pecado é um desperdício

de nossa humana energia

que, guindada pelo vício,

só cria desarmonia,

gerando curto-circuito,

fazendo o corpo pesado

e a alma, sem intuito

de lidar com o herdado:

alma e corpo impotentes

ante um mundo organizado,

a fazer-nos dependentes,

e o amor bem represado.

IV

O mal é cria do homem

e se espalha no ambiente,

gerando um mundo de fome

e de gente só doente.

Buscar ser bom nesta vida

é do mal se desfazer:

o que nasceu da caída

de Eva a se oferecer.

É aqui que a lei primeira

da natureza em oferta

foi colocada na beira

da humana busca inquieta.

Criou-se a super-potência

numa visão só mecânica,

produzindo uma ciência

cuja missão é satânica,

tirando do homem a magia,

sua dimensão divina,

transformando em bruxaria

a potência feminina.

Este é o original

que fabrica os demais,

que, na física ou moral,

são chamados capitais.

 

G. Fábio Madureira