4 – O Bem e o Mal na sabedoria popular: um testemunho pessoal

Superação do cio biológico: A história humana (individual e coletiva) é determinada pela superação do cio biológico da fêmea em busca do cio psicobiofísico.          A Sabedoria Popular sempre considerou a dimensão da Energia Material Humana na sua visão de mundo.          O afluxo sanguíneo é que gera a potência genital, seja no homem, seja na mulher.          As doenças do corpo e da mente são alimentadas pela energia material humana mortal/negativa.          Fusão genital é o modelo de relação sexual onde homem e mulher vivenciam sua potência genital.          O modelo de vida (individual ou coletiva) da auto-regulação pressupõe a consciência e o enfrentamento da realidade do pecado.          A noção de pecado originária da Sabedoria Popular é porque essa sempre considerou a dimensão da energia material humana na sua visão de mundo.          Para a Sabedoria Popular pecado é a transgressão de alguma lei que rege a natureza humana.          Potente é quem, mais do que em suas capacidades, tem consciência de seus limites e os respeita, buscando sua superação.          A vivência da virtude nos faz potente e a vivência do pecado nos deixa impotente para amar e gozar a vida.          Não existe pessoa desorganizada: uns se organizam para ter paz, outros para ter aflição.
A Sabedoria Popular sempre considerou a dimensão da Energia Material Humana na sua visão de mundo.
02/04/2020
1 – Amor, questão de pele:
02/04/2020

A noção de energia material humana permite uma distinção concreta e clara entre o bem e o mal.

O que sempre me encantou na sabedoria popular é o seu método e o seu objeto: busca da compreensão da totalidade da realidade . O método porque, sendo histórico e cumulativo, elimina a ideia de paternidade do saber. Seu autor é sempre anônimo, pois que não é nada mais, nada menos do que a coletividade depurando historicamente os conceitos. Objeto porque nascido da necessidade de dar conta de questões concretas e objetivas da própria sobrevivência e evolução dos indivíduos e da coletividade.

A sabedoria popular não pode se dar ao luxo, como outros modelos de saber o fazem, de lidar com realidades parciais. A vida concreta e do dia-a-dia não é um laboratório planejado para um determinado tipo de experimento. Ela é feita, sobretudo, do imprevisível, portanto, daquilo que não pode ser planejado. Daí ser o objeto da sabedoria popular a totalidade da realidade.

Se ela sempre me encantou, agora passou a me seduzir. É que, premido pelo instinto de sobrevivência, tive que ir a fundo no estudo da alma humana. Nas teorias acadêmicas disponíveis, encontrei algumas respostas, mas sempre parciais e até mitificadoras. Já na sabedoria popular tenho encontrado respostas que desvendam quase que por completo os mistérios da alma humana.

A questão do bem e do mal, por exemplo, no nosso dia-a-dia, é uma realidade visível, palpável e traiçoeira. Entretanto, quanto mais nos aprofundamos nas teorias acadêmicas, mais confusos ficamos. É que essas teorias relativizam tanto essa questão que chegamos a acreditar que nem há distinção entre o bem e o mal.

Já na sabedoria popular essa distinção é bem nítida e concreta. Nítida porque aqui jamais se negou essa realidade. Concreta porque se expressa pela linguagem do próprio corpo. E aquilo que era crendice ou supertição para mim, agora vejo como profunda compreensão científica da realidade.

Talvez isso se explique pelo fato de que, não sendo de laboratório, a sabedoria popular sempre teve que trabalhar com um conceito de matéria que só recentemente vem sendo apreendido por algumas teorias acadêmicas. A noção de matéria na sabedoria popular sempre expressou a dimensão energética e, se errou, foi na supervalorização dessa dimensão.

Para ela, o homem é um ser material, sujeito e objeto dessa dimensão energética. Até aqui, ela não avança sobre algumas teorias acadêmicas que também admitem esse fato. Seu avanço está em dividir essa dimensão energética em dois pólos: negativo e positivo. E com isso ela permite uma percepção nítida do bem e do mal. E é tal percepção que lhe permite buscar e encontrar formas de lidar com essa realidade, ensejando sua superação.

É assim que temos o pé frio e o pé quente, cuca fresca e cabeça quente e até mesmo mau olhado.

Essas expressões exemplificam como a sabedoria popular vê a energia humana se materializando e se expressando através do corpo. Mais ainda, como ela tem uma nítida noção das características físico-químicas dessa energia e de sua relatividade, mas jamais de sua falacidade como querem nos convencer os racionalistas mecânicos.

De acordo com a sabedoria popular, para você ser pé quente é preciso ter a cuca fresca, ser enxuto. Já se você tiver a cabeça quente, certamente será um pé frio, aguado e frouxo. E tudo indica que, em sendo cabeça quente e tendo pé frio você será portador de mau olhado.

É que a energia negativa é a energia positiva ou primitiva retida e/ou contida. Essa contenção transmuta a energia primitiva (calorosa) em secundária ou negativa (frígida). Entretanto, ela tem dupla face, ela é falaz: é uma coisa e parece outra(e aqui está a explicação para o milenar discurso da falacidade dos sentidos). O melhor exemplo disso é o estado febril, onde a pessoa está tiritando de frio, apesar de estar aparentando um corpo quente.

Como a tendência da energia é se alojar na cabeça e sair pelas extremidades do corpo, cabeça quente é pois um corpo impregnado de energia negativa, que tende a sair pelos pés e mãos, que estarão frios. Quem tem cabeça quente, pois, certamente será pé frio e, como tal, a energia que desprender pelos olhos será negativa ( mau olhado).

 G. Fábio Madureira