Castração pela gula: sucção
” O céu começa na boca e se realiza no coração”
“Quem não tem paladar nada tem para dar.” Esse foi o tema de um dos nossos informativos já enviados. Nele tentamos mostrar como tem sido castrante o atual aprendizado das crianças na formação de seus hábitos alimentares! Como consequência, adultos com o paladar embotado, tornando-se presas fáceis da sociedade de consumo e, como tal, pessoas sem personalidade própria e cada vez mais distantes de seus próprios desejos.
Para uma verdadeira visão crítica desse processo basta que fiquemos atentos à evolução de nossas crianças. Essa observação nos trará muitos ensinamentos para podermos avaliar nossos próprios hábitos, numa tentativa de superação.
Vamos observar hoje a criança que já está parando de mamar e começa a se relacionar com algum alimento sólido. Coloque em sua boca um pouco de papinha de arroz, por exemplo. O principal movimento de sua boca será o de sucção. Buscando formar o bolo alimentar, ela o vai chupando para sentir-lhe o gosto e dele extrair o seu sumo. Só depois de bastante curti-lo na boca, ela passará a engoli-lo. Nesse modelo, como, quando e quanto mastigar estão em função da sucção.
E é esse movimento de sucção o principal alvo de repressão pelo atual modelo de ensino alimentar. Primeiro, reduzindo a qualidade da digestão bucal à quantidade de mastigações. Segundo, obrigando a criança a comer algo de que não goste. Óbvio que ela vai resistir e, se não conseguir, vai engolir o mais rápido possível para se livrar daquele gosto indesejado. Terceiro, impondo-lhe um ritmo e um tempo que não sejam seus, através do uso de artimanhas tais como a da garagem e a do aviãozinho, ou as tradicionais chantagens emocionais!
E por que o movimento de sucção é o principal alvo dessa repressão cultural?
Voltemos à observação de nossas crianças. Peça a um menino saudável, entre os seus 4 e 6 anos, que esteja nu e à vontade, para fazer este movimento de sucção bem marcado. Repare no seu órgão genital e verá que a cada movimento de sucção o seu órgão reagirá. Essa mesma reação se dá com as menininhas, só que não é visível, mas pode ser relatada por elas.
Isso nos indica a estreita relação entre a forma de se alimentar e a sexualidade. Ou por outra, a forma de alguém se alimentar pode estimular ou reprimir sua sexualidade.
Por isso o estímulo à gula se tornou uma das principais armas da cultura atual, a ponto de ser até sacralizada!
Por isso o beijo na boca tanto se banalizou. Qual o problema em se beijar tanto e a quantos? Ele não diz mais nada além da fantasia! Perdeu sua ligação com o instinto sexual! Não passa de um gesto de falsa sensualidade!
E se na boca temos um céu é para curtir os frutos da natureza, beneficiados ou não pela sabedoria humana. Mas se nem isso sabemos mais sentir, como estará nosso coração? Pode um coração cultivar o bem, o Céu, se não consegue nem sentir o bom da natureza?! Nesse coração só viceja o medo e a energia material humana mortal/negativa que é frígida, fétida, seca e salamarga.
Para a conversão desse coração ao amor, cuja matéria prima é a energia material humana vital/positiva, é preciso que a mente passe a se reger pela lógica da Sabedoria Popular.
Boa Nutrição
“O valor nutritivo do alimento,
seja comida, seja bebida,
não está na sua quantidade
nem nas vitaminas
que o compõem.
E sim:
no carinho que o produz,
no amor que o reparte,
na paz que o degusta
e no sabor que o curte.”