A aflição é o fogo do inferno!
A aflição nasce do desequilíbrio entre querer e poder. Aflito é quem quer mais do que pode. Sua vontade não corresponde ao seu desejo, está geralmente além dele, expressando quase sempre compulsão. Isso porque desconhece ou não reconhece seus desejos em função de ter sido muito reprimido na infância. Torna-se muito mais um repetidor das vontades de seus formadores do que um sujeito de seus próprios desejos. É alguém que não foi educado e, sim, literalmente formado. Com isso, nunca se satisfaz e está sempre buscando essa insaciável satisfação, tornando-se um permanente frustrado. Um contumaz invejoso.
Por isso, a aflição é a expressão máxima da energia material humana negativa/mortal – (EMH-). Ela impede que nossos sentidos estejam no ponto, em harmonia, em equilíbrio: queremos sentir algum tipo de relação e não conseguimos, ou não gostaríamos de sentir e sentimos muito. Ou sentimos a mais ou sentimos a menos, nunca na sua devida medida, impedindo-nos de vivenciar o verdadeiro prazer e, inclusive, fazendo-nos chamar de prazer aquilo que não passa de alívio. Por exemplo, na relação dos nossos pés com o chão de terra, ao invés de sentirmos o gostoso, sentimos o incômodo de grãozinhos nos espetando a sola dos pés. É que, impregnado de energia material humana mortal/negativa (EMH-) entre a sola e a estrutura óssea dos pés se forma um bolsão de água, má água, que torna a sola hipersensível a qualquer toque. Por isso calçamos algo para nos proteger (alívio) e damos a isso o nome de prazer, quando o verdadeiro prazer nasceria da relação de nossos pés com o chão.
Isso se explica pelo fato de termos aprendido a reter as cargas de energia material humana negativa/mortal (EMH-). Como o seu primeiro estado é o gasoso e a gente tem aprendido é a prender os gases, eles se liquidificam com o tempo, formando a tal da má água que tende a se alojar preferencialmente nas extremidades do corpo. E se dessa má água não nos livrarmos, ela vai se solidificar com o tempo virando pólipos, caroços, pedras, etc.
Além disso, essa má água se entranha em nossas mucosas, interferindo nos nossos sensores, que geralmente enviam informações erradas ou truncadas para o cérebro. E olhem que quase todo o nosso corpo é formado de mucosas, inclusive a pele que também o é. Por isso o guloso nunca se satisfaz. A satisfação é dada pelo cérebro. Como as mucosas de sua boca estão impregnadas da energia material humana negativa/mortal (EMH-) o sinal de satisfação não chega ao seu cérebro e ele continua comendo até a barriga estourar, ficar de pança cheia.
É só nos lembrarmos, também, de alguma situação em que estávamos aflitos e tivemos de abrir a fechadura de alguma porta.Se estamos com um molhe de chaves, custa-nos encontrar a certa. Quando a encontramos, com muita dificuldade a enfiamos no buraco, isso quando não a quebramos ou a enfiamos ao contrário e estragamos a fechadura!
É que a energia material humana negativa/mortal (EMH-) é desequilibrada, vai da insensibilidade à hipersensibilidade, fazendo-nos tremer e, portanto, não tendo a firmeza e tranquilidade necessárias para qualquer tipo de destreza.
Geralmente o aflito pensa que é desorganizado. Mas não. Ele é bastante organizado. Aliás, todo mundo é organizado. Uns se organizam para fruir a paz, outros para cultivar a aflição, controlando o tempo para sempre estar atrasado e deixando tudo fora do lugar para sentir o friozinho na barriga ao procurar o objeto “perdido”.l
Não é só por tudo isso, porém, que a aflição seja o fogo do inferno. Esse resulta de um frio que queima. Dante Alighieri que o diga: lúcifer batendo suas asas para manter o frio do último estágio na sua descrição do inferno! E é isso mesmo! A energia material humana negativa/mortal (EMH-) é frígida de um frio que queima. É só nos lembrarmos de situações em que nos encostamos numa pele de alguém, aparentemente calorosa, mas que nos causa é repulsa. É que esse calor resulta de uma intensa frigidez que queima. O que explica as pessoas de cabeça quente. Pode olhar que o pé dessa pessoa certamente estará frio e sua pele, seca, até mesmo lixenta. Já o verdadeiro calor, o que resulta da energia material humana vital/positiva (EMH+), é gostoso e aconchegante.
É por isso que o aflito, por mais que faça, não consegue amar e nem ser amado. E, assim, cultua e cultiva a inveja. Na medida em que não consegue sentir o gostoso de si e do outro, as relações são sempre ruidosas e nunca fluem para o gozo do verdadeiro amor. Porque vivem se agredindo, também vivem se destruindo e por isso, no geral, destroem muito mais do que constroem.