11 – Lobosofia

Superação do cio biológico: A história humana (individual e coletiva) é determinada pela superação do cio biológico da fêmea em busca do cio psicobiofísico.          A Sabedoria Popular sempre considerou a dimensão da Energia Material Humana na sua visão de mundo.          O afluxo sanguíneo é que gera a potência genital, seja no homem, seja na mulher.          As doenças do corpo e da mente são alimentadas pela energia material humana mortal/negativa.          Fusão genital é o modelo de relação sexual onde homem e mulher vivenciam sua potência genital.          O modelo de vida (individual ou coletiva) da auto-regulação pressupõe a consciência e o enfrentamento da realidade do pecado.          A noção de pecado originária da Sabedoria Popular é porque essa sempre considerou a dimensão da energia material humana na sua visão de mundo.          Para a Sabedoria Popular pecado é a transgressão de alguma lei que rege a natureza humana.          Potente é quem, mais do que em suas capacidades, tem consciência de seus limites e os respeita, buscando sua superação.          A vivência da virtude nos faz potente e a vivência do pecado nos deixa impotente para amar e gozar a vida.          Não existe pessoa desorganizada: uns se organizam para ter paz, outros para ter aflição.
10 – Manifesto EGOlógico (Em defesa de um Neo-holismo):
02/04/2020
12 – Banho da alma
02/04/2020

Prática de auto-conhecimento que permite ao indivíduo se livrar das cargas de energia material humana negativa ou mortal em busca de uma vida saudável.

LOBOSOFIA1

Ao colocarmos a energia material humana como centro do nosso modo de vida (energocentrismo), temos que buscar formas de conviver com uma sociedade toda organizada pela negação dessa dimensão material. Negação que, como já vimos, é a forma mais eficaz de se perpetuar o reinado da energia negativa ou mortal.
Lobosofia é uma técnica de auto-massagem, relaxamento e meditação que tem por finalidade livrar o seu praticante das cargas de energia negativa ou mortal, não só as herdadas como também as captadas nas relações, e aquelas produzidas e reproduzidas por ele próprio, numa busca de auto-conhecimento e saúde.
A energia humana primitiva, original, é totalmente positiva, vital. Nem estado material ela tem, apesar de suas manifestações e efeitos materiais. Entretanto barreiras interpostas pelo nosso subconsciente impedem o seu fluxo natural, transformando-a em energia negativa ou mortal. E essa passa a existir primeiro em estado gasoso, depois em líquido e por último em estado sólido.
Como nosso sistema natural não foi programado para alojar a energia negativa ou mortal, sua existência provoca um desequilíbrio na equação da matéria (nossos tecidos e/ou órgãos), gerando o processo degenerativo de nossas células, sob a forma de incômodos, mal-estares, dores e doenças.
Todo esse processo é facilmente perceptível, já que cada uma dessas energias tem manifestações materiais diferentes, chegando a serem completamente opostas:
– a positiva é calorosa, perfumosa, oleosa e doce (cpod);
– a negativa é frígida, fétida, seca e salamarga.
Aprendemos com o do-in que, massageando-se um ponto dolorido do corpo, a energia em excesso se dissipará provocando alívio.
Ora, nosso corpo é também e principalmente um sistema energético. E todos sabemos que seu controle é exercido pelo cérebro. Logo, podemos atingir um ponto de dor em qualquer lugar do nosso corpo massageando-se seu respectivo ponto de controle, localizado na cabeça. Sabemos que tal ponto está sendo devidamente massageado na medida em que começamos a perceber a sensação de que ele está se desmanchando.
Para que isso aconteça é importante que nossa cabeça esteja repousando em uma superfície rígida. Primeiro, porque tal superfície propicia maior pressão sobre o ponto, facilitando o massageamento. Segundo, porque nos permite melhor identificação da fração do ponto que está sendo massageado.
Mas se massagearmos tal ponto e não deixarmos a energia fluir, nosso objetivo (alívio) não será alcançado. Daí a necessidade de estarmos em estado de relaxamento para propiciar o fluxo natural da energia. Se essa energia for negativa ou mortal a tendência natural é sua expulsão, porque nosso corpo não foi programado para armazená-la. E tal expulsão se dá principalmente pela sensação de formigamento nas pontas dos dedos das mãos e/ou dos pés.
Para isso é importante que centremos o peso de nossa cabeça em uma das cinco regiões mostradas nas figuras: três lobos da cabeça e as duas regiões da maçã do rosto.
Atuando sobre essas cinco regiões, conseguimos atingir praticamente todas as demais regiões do nosso corpo. Por isso darmos o nome a essa prática de lobosofia, pois, através dos lobos2 podemos acessar as cargas energéticas armazenadas em outras partes do nosso corpo, para nos livrarmos daquelas que nos são prejudiciais, sob forma de incômodo, mal estar e dor. E isso só acontecerá se nesse estado de relaxamento ficarmos atentos às reações do nosso corpo e tentarmos compreendê-las, numa autêntica postura de meditação.
Ao conseguirmos centrar o peso de nossa cabeça em uma das cinco regiões, o relaxamento virá normalmente. Chegando a esse estado, a energia negativa começará a fluir e escapar pelo nosso corpo. Nesse escapar, ela vai deixando seus rastros (fétida, frígida, seca e salamarga). Observando seus rastros, certamente entenderemos seu trajeto. E na base da livre associação, não policiando nossa mente, as informações fluirão, produzindo ao final algum conhecimento que possibilite a compreensão daquele mal estar, incômodo ou dor. Quando isso se der, esses sintomas, como num passe de mágica, começam a diminuir até acabar por completo.
Com as recentes conquistas tecnológicas, torna-se mais fácil o entendimento de nós mesmos. Somos formados de bilhões de células. Toda célula contém informações. A questão é que ainda não conseguimos dimensionar a quantidade de informações aí existentes. Mas já podemos imaginar. É só nos lembrarmos do tanto de informações que a cada dia a tecnologia consegue concentrar em superfícies cada vez menores como, por exemplo, nos chips. Daí não ser nada absurdo supormos que o nosso corpo guarda todas as informações de nossa história individual e coletiva. O problema é que não temos sabido acessá-las. E quando por um acaso o fazemos, nossos programas não sabem processá-las a nosso favor.
Assim é que nossa meditação tanto mais será produtiva quanto mais tivermos abertura para enfrentar os nossos defeitos, preconceitos e hábitos impensados, numa sincera e verdadeira busca de auto-conhecimento.
Na vivência desse processo, que induz e permite a expulsão da energia negativa ou mortal armazenada em nosso corpo, experimentaremos reações as mais diversas e até por vezes assustadoras: espasmos, repuxões, contorções, tremuras, alterações de temperatura, exalação de maus odores, etc. A nossa formação não tem sido no sentido de aprendermos a enfrentar os incômodos e as dores e, sim, de driblá-los, não só através da forma como organizamos nossas vidas (protetores, agasalhos, almofadas, etc.), como também através dos produtos consumidos (cosméticos, perfumes, analgésicos, anestésicos, etc.). O importante é sabermos que a causa de tais sintomas está dentro de nós e só não aflora por causa de nossas couraças. Mais dia menos dia, sem que a enfrentemos, essa causa virá à tona através de algum sintoma de algo já talvez  irreversível.
Quando conseguimos que algum dos cinco pontos se conecte com a região de nosso incômodo ou dor, esse sintoma poderá até mesmo se intensificar. Se a região da dor for, por exemplo, no abdômen, uma dor manhosa pode se tornar momentaneamente uma cólica quase insuportável. Certamente é algum gás que por algum motivo represamos e que, no momento em que induzimos nosso corpo a expeli-lo, provocará o tensionamento da musculatura que já está frouxa.
Em casos como o do exemplo, a orientação é para avançarmos na experimentação até o nível do nosso suportável. O nosso objetivo não é o de curtirmos a dor e, sim, de dela nos livrarmos. Se atingimos o suportável e o problema não foi resolvido, mudamos para outro ponto de controle e tudo voltará ao normal. Talvez estejamos atuando em algo mais antigo a exigir de nós mais conhecimento de nós mesmos. É isso mesmo. Toda dor só acaba na medida em que compreendemos a sua mensagem. Para isso temos que adquirir mais força física e mental (sabedoria) que só o tempo e a perseverança proporcionam.
Em princípio, o tempo de dissipação de uma dor deve ser proporcional à sua idade, informação da qual geralmente não dispomos, já que a nossa relação com a dor tem sido de não enfrentamento.
Como a matéria prima da dor é a energia negativa ou mortal e essa é fria, fétida, seca e sal amarga, é normal que sintamos todas essas sensações ao mesmo tempo ou separadamente. É sinal de que estamos no rumo certo e superando o medo de encarar nosso lado mau. O importante é sabermos dosar esse processo em função do que nos seja suportável. O exagero, em qualquer situação, é geralmente maléfico.
Na verdade, todo esse processo deve ser vivenciado com a consciência de que o nosso principal objetivo é nos tornarmos cada vez mais sujeitos de amor, portanto de prazer e erotismo. É para isso que buscamos nos livrar das cargas de energia negativa ou mortal, pois é essa que nos impotencializa para amar.
Nessa perspectiva é interessante acrescentarmos aqui a ideia da técnica de aterramento. Ela nasce como conseqüência lógica e natural da prática da lobosofia e da convicção de que quem não se aterra se enterra. Quem não se livra da energia negativa (ou mortal) alimenta sua própria morte, mesmo que aparentemente acredite e se faça acreditar estar vivendo.
Como já vimos, a prática da lobosofia vem se contrapor ao nosso constante e progressivo distanciamento da natureza, tanto da que somos quanto da que nos rodeia, em especial do elemento terra. Ao praticá-la estamos no caminho de recuperação da nossa dimensão natural.
A partir de um certo nível de amadurecimento nessa prática, podemos nos fazer de terra (canal de descarga) para quem anda muito carregado negativamente. Basta colocarmos a mão esquerda em algum ponto dolorido dessa pessoa e sua energia negativa ou mortal escapará pela nossa mão direita. Sentiremos as sensações semelhantes às vivenciadas na nossa prática da lolobosofia. Além disso, na medida em que essa pessoa consiga alcançar certo grau de relaxamento, também ela perceberá sensações semelhantes, o que tornará o processo de aterramento mais eficaz.
Aliás, a eficácia dessa prática está diretamente relacionada ao grau de capacidade de relaxamento da pessoa e ao nível de profundidade corporal do processo doloroso. Prova disso é a resposta que se tem quando o aterrado é uma criança, principalmente as da 1ª e 2ª infância. Pela sua facilidade de relaxamento e porque seu processo doloroso normalmente é recente, portanto, superficial (às vezes ainda nem se instalou organicamente), o resultado é geralmente rápido, imediato e definitivo.
O processo de aterramento pode ser enriquecido com a energização da água. Por ser essa um ótimo condutor energético é inquestionável a sua capacidade de magnetização. É só direcionar para uma porção de água (um copo) a energia que estiver saindo pela nossa mão, e teremos um antídoto natural para ser ingerido e ajudar na superação do mal de que padece tal fonte energética.3
Vivenciando a lobosofia e a técnica de aterramento, deixamos de acreditar no discurso de que o amor é uma construção. Se fossemos só natureza, energia positiva, seriamos todos sujeitos de amor. O que nos impede de sê-lo são as cargas de energia negativa que herdamos, incorporamos, reproduzimos e produzimos.
Daí que nossa busca deva ser muito mais no sentido da desconstrução/reconstrução de nós mesmos, enquanto ser histórico produzido por uma sistemática e progressiva agressão à natureza, para reconquistarmos cada vez mais a nossa dimensão natural e construtiva, aquela que nos coloca em harmonia criativa com a natureza que está em nós e que nos rodeia.
E essa dimensão natural e construtiva sempre foi, como vimos, o referencial da educação na sabedoria popular que, por sua vez, sempre se sustentou na lógica do trabalho.
Por mais que lobosofemos ou façamos qualquer outra coisa, jamais nos tornaremos sujeitos, individuais ou coletivos, de uma nova sociedade, se não mudarmos os hábitos que reproduzem a ideologia da sociedade que os criou.
Por mais que combatamos essa sociedade enquanto fonte de dor, injustiça e violência, seja por palavras e até ações, jamais a mudaremos se não mudarmos nossos hábitos. É através deles que ela se consolida e é no seu inquestionamento que ela encontra forças para avançar e se perpetuar.
Imbuído dos valores da lógica do trabalho (sabedoria popular) e consciente de que podemos criar e aperfeiçoar nossas práticas para nos livrarmos das cargas de energia negativa herdada, captada e incorporada, tentarei sistematizar, no próximo e último capítulo, os objetivos educacionais do ponto de vista da lógica do trabalho (veja), isto é, aqueles que informarão um processo educativo gerador de hábitos para a construção de uma nova sociedade, a da racionalidade mágica.

 1 – XXXI capítulo do livro “Racionalidade da Sabedoria Popular: energia material humana e sexualidade”, G. Fábio Madureira.

  2A prática da lobotomia (1ª metade do séc.XX) mostrou que os os lobos são a morada das emoções. Por outro lado, vimos que nossa relação com as emoções é deturpada pelo aprendizado que temos de reprimir o desejo, propiciando o surgimento e ampliação da energia negativa. Se a secção dos lobos transformava as pessoas em verdadeiros vegetais, o seu massageamento através da lobosofia, pode nos tornar verdadeiros seres humanos, libertando-os das cargas de energia negativa e, conseqüentemente, deixando-nos aptos para sujeitos/objetos de amor.

3 Conheci essa prática observando a atuação do Sr. Salvador, respeitado benzedor da região do bairro Prado, BH, nas últimas décadas do séc. xx.

Quanto deve durar cada sessão de lobosofia?

Para que essa prática surta algum efeito e seu praticante perceba sua eficácia, sugere-se que se inicie com sessões de no mínimo meia hora por dia e que, aos poucos, se vá adequando a sua duração às necessidades/disponibilidades de cada um. Claro que quanto maior for a duração de uma sessão mais chances seu praticante terá de atingir um maior grau de relaxamento, percebendo em maior quantidade e com mais profundidade os sinais de seu corpo e, consequentemente, podendo avançar com maior velocidade no processo de livre associação que o levará à compreensão da origem daquele mal-estar, condição necessária para a sua respectiva superação.

Para auxiliar na memória e compreensão do processo, criamos uma ficha de controle diário contendo os fenômenos mais comuns.

Prefácio do livro
Linguagem da dor
Capítulo sobre Lobosofia