Castração Pela Gula

Superação do cio biológico: A história humana (individual e coletiva) é determinada pela superação do cio biológico da fêmea em busca do cio psicobiofísico.          A Sabedoria Popular sempre considerou a dimensão da Energia Material Humana na sua visão de mundo.          O afluxo sanguíneo é que gera a potência genital, seja no homem, seja na mulher.          As doenças do corpo e da mente são alimentadas pela energia material humana mortal/negativa.          Fusão genital é o modelo de relação sexual onde homem e mulher vivenciam sua potência genital.          O modelo de vida (individual ou coletiva) da auto-regulação pressupõe a consciência e o enfrentamento da realidade do pecado.          A noção de pecado originária da Sabedoria Popular é porque essa sempre considerou a dimensão da energia material humana na sua visão de mundo.          Para a Sabedoria Popular pecado é a transgressão de alguma lei que rege a natureza humana.          Potente é quem, mais do que em suas capacidades, tem consciência de seus limites e os respeita, buscando sua superação.          A vivência da virtude nos faz potente e a vivência do pecado nos deixa impotente para amar e gozar a vida.          Não existe pessoa desorganizada: uns se organizam para ter paz, outros para ter aflição.
Natal do Amor
30/05/2015
Disciplina UFMG 2016 1º sem.
07/05/2016
“Quem não tem paladar nada tem para dar”
Vivemos numa cultura de castrados! É só atentarmos para as estatísticas. Para muitas, dois terços das mulheres são anorgásticas. Em relação aos homens, se somarmos suas disfunções eréteis com ejaculação precoce, certamente chegaremos perto disso também. E olhem que não estamos pondo nessa conta o crescente número de assexuado(a)s!

Por que uma sociedade que apela tanto para o sexo produz tantos castrados?!

Cada vez mais nos convencemos que isso se deve a um outro chamamento seu, tão importante ou até mais: a supervalorização da gula. “Divina gula!” “Bendita gula!” “Santa gula!” Como se gula seja sinônimo de bem se alimentar! Pelo contrário, por não sentir o que come, o guloso desconta na quantidade e, mesmo assim, nunca se satisfaz. No máximo diz: “já tou cheio!”.

Mas a gula é uma produção cultural. Ninguém nasce guloso. A criança é induzida, de várias formas, a se tornar um jovem e um adulto guloso. “Olha o aviãozinho!” “Abre a garagem pro carrinho entrar!”. “Se você não comer tudo é porque não gosta da mamãe que fez esta comidinha com tanto carinho!” “Se você comer tudo, depois ganha um chocolate.” E daí por diante. Atualmente até o acesso à internet tem sido atrelado ao comer tudo e de tudo.

Alimentar-se deixou de ser uma relação naturalmente determinada pelo prazer, que nos levaria a fruir o objeto da relação, neste caso, os alimentos, tal como nos ensinava a Sabedoria Popular. Tornou-se, pelo contrário, uma ação movida por receitas e dietas, não ultrapassando a dimensão do alívio e determinada pela lógica do prêmio e/ou castigo. Pelo alívio não se sente a relação e, portanto, não se tem medida da satisfação. Com isso, reprime-se o paladar, primeira e decisiva etapa no processo de nossa castração!

A questão, porém, não é só essa. É mais. Precisamos (nós, agentes desta cultura) aprofundar essa castração. E a melhor forma de fazê-lo é nos aproveitarmos desse instinto de sobrevivência e impedir a criança de reconhecer, conhecer e respeitar seu próprio desejo. Impomos a ela nosso ritmo, nosso horário e nossas escolhas. Fazendo isso, temos a convicção de que teremos um adulto machão/machona, ou até mesmo assexuado, e totalmente dependente do outro e do meio. É a lógica da heterorregulação! Afinal, liberdade é uma realidade que não pode passar da dimensão do discurso. Precisamos de indivíduos escravos da cultura e do mercado!

Quem não aprende a sobreviver certamente também não saberá viver, muito menos amar. “Quem não tem paladar nada tem para dar.”

“Se diante do alimento,
mero objeto passivo
sem ação nem movimento,
se perde no seu sentir ,
como será o guloso
numa ação reflexiva,
do amor no seu fruir,
em que só vale o gozo
em conjunto e de per si?!”