Parte da entrevista ao EM que não foi publicada

Superação do cio biológico: A história humana (individual e coletiva) é determinada pela superação do cio biológico da fêmea em busca do cio psicobiofísico.          A Sabedoria Popular sempre considerou a dimensão da Energia Material Humana na sua visão de mundo.          O afluxo sanguíneo é que gera a potência genital, seja no homem, seja na mulher.          As doenças do corpo e da mente são alimentadas pela energia material humana mortal/negativa.          Fusão genital é o modelo de relação sexual onde homem e mulher vivenciam sua potência genital.          O modelo de vida (individual ou coletiva) da auto-regulação pressupõe a consciência e o enfrentamento da realidade do pecado.          A noção de pecado originária da Sabedoria Popular é porque essa sempre considerou a dimensão da energia material humana na sua visão de mundo.          Para a Sabedoria Popular pecado é a transgressão de alguma lei que rege a natureza humana.          Potente é quem, mais do que em suas capacidades, tem consciência de seus limites e os respeita, buscando sua superação.          A vivência da virtude nos faz potente e a vivência do pecado nos deixa impotente para amar e gozar a vida.          Não existe pessoa desorganizada: uns se organizam para ter paz, outros para ter aflição.

1) Como especialista na área de educação, como vc define o ensino brasileiro?

Iniciei toda essa minha busca pelas angústias que me causavam meu papel de professor do ensino médio, principalmente para os alunos dos cursos noturnos, a quem denominei de alunos trabalhadores. Cheguei a concordar com uma visão pedagógica que coloca na forma de se ensinar as causas de nossos fracassos escolares. Depois passei a apontar essas causas nos conteúdos de nosso ensino.
Hoje tenho a convicção de que a questão principal está no nosso paradigma de conhecimento. O atual paradigma que sustenta o nosso ensino tem que mudar, tanto na forma quanto no conteúdo. Ele está distante da vida do dia-a-dia de nossa população. Daí a desmotivação  e até mesmo uma resistência, seja pelo absenteísmo, seja pela violência. Ele tem-se mostrado eficiente para formar tecnocratas, mas péssimo na formação de seres humanos.

 

9) Como criar filhos num seio familiar desestruturado e em meio à violência do mundo atual?

 

Para mim, a violência atual resulta da confusão que temos feito entre prazer e alívio.
Na medida em que temos tomado alívio por prazer, já não mais sabemos distinguir virtude de vício. A virtude é algo que tem a ver com força, com o exercício de nossa potência. Portanto, ela interage com o mundo do prazer. Já o alívio está diretamente ligado com o mundo do vício. É algo que fazemos por compulsão, por fraqueza. Se passamos a confundir esses dois mundos, por termos desaprendido a lidar com o caráter ambivalente da energia material humana, a questão de valores se torna algo totalmente abstrato e pejorativamente relativo. Tudo pode. É só uma questão de argumento.
Da mesma forma, a recuperação da harmonia familiar passa pela reintrodução, em nossa visão de mundo, dessa noção de energia material humana. A família é a principal unidade de produção/reprodução dessa energia. Se nela já não mais se sabe distinguir a energia positiva da negativa, também já não se sabe distinguir virtude de vício. E, portanto, ela termina sendo o primeiro elo nesse progressivo processo de geração de violência.
Lamentavelmente,  na família esse processo é mais perverso porque é inconsciente. O infanticídio moderno é amplo e patente. Nossas crianças estão sendo massacradas. Afinal essa energia é emitida, captada e processada como qualquer outra. E, infelizmente, o que tem predominado no seio de nossas famílias é a produção/reprodução da energia material humana negativa ou mortal. Cada vez menos as famílias são um espaço de aconchego e de amor. Precisamos urgentemente superar esta situação de caos. E isso passa pela mudança de nossa visão de mundo, pela construção de um novo paradigma de conhecimento. Por isso é que tenho afirmado a importância da sabedoria popular. Nela acredito estarem as bases e os sinais para a construção desse novo paradigma e, portanto, de um novo ser humano, de uma nova sociedade.