Temos que clamar e lutar por uma vida diferente da que este mundo nos oferece
G. Fábio Madureira
Vida sem rumo.
Vida sem prumo.
Vida dos homens.
Pulando, empinando, saltando…
Bravo burro! Burro bravo!
Cujo homem é o escravo.
Escravo da vida.
Escravo do burro.
Escravo que geme.
Escravo que luta.
Escravo em labuta
que o burro lhe traz.
Escravo que xinga,
com ou sem pinga,
remédio de todos,
doentes e sãos.
Escravo que grita:
vita, vita, vita,
em latim ou não,
com palavras ou não,
pois o mudo não fala
a não ser com a mão.
E com a mão ele clama
pedindo mais vida
para ao menos poder
ouvir-lhe os ecos
que a morte inimiga
da vida de todos
e de todas as vidas
lhe roubará.
Vita, vita, vita,…
Ele, você grita.
Também eu grito.
Pois é a única fama
que jamais será mito.
Quero viver.
Tenho de viver.
E se esse desejo
já não tem mais eco,
vencer-te-ei vida,
bravo burro,
com um pião urro.
Com meus urros
corro atrás da vida
mas não sou seu escravo.
Escravo sou do querer vivê-la.