Texto das orelhas

Superação do cio biológico: A história humana (individual e coletiva) é determinada pela superação do cio biológico da fêmea em busca do cio psicobiofísico.          A Sabedoria Popular sempre considerou a dimensão da Energia Material Humana na sua visão de mundo.          O afluxo sanguíneo é que gera a potência genital, seja no homem, seja na mulher.          As doenças do corpo e da mente são alimentadas pela energia material humana mortal/negativa.          Fusão genital é o modelo de relação sexual onde homem e mulher vivenciam sua potência genital.          O modelo de vida (individual ou coletiva) da auto-regulação pressupõe a consciência e o enfrentamento da realidade do pecado.          A noção de pecado originária da Sabedoria Popular é porque essa sempre considerou a dimensão da energia material humana na sua visão de mundo.          Para a Sabedoria Popular pecado é a transgressão de alguma lei que rege a natureza humana.          Potente é quem, mais do que em suas capacidades, tem consciência de seus limites e os respeita, buscando sua superação.          A vivência da virtude nos faz potente e a vivência do pecado nos deixa impotente para amar e gozar a vida.          Não existe pessoa desorganizada: uns se organizam para ter paz, outros para ter aflição.

A reconquista da sabedoria popular

O patriarcalismo criou e vem aperfeiçoando um modelo de racionalidade que sustentou vários tipos de sociedade e que adquire o seu apogeu no capitalismo. Aqui, esse modelo de racionalidade tende a se universalizar, eliminando outros modelos experimentados pelo homem, como o que dava suporte à sabedoria popular.

A correlação entre modelo de racionalidade e modelo de sexualidade não é uma proposta nova. Ela se faz bem nítida, por exemplo, na obra de William Reich.

A novidade deste livro é tentar historicizar essa correlação, com o objetivo de encontrar os seus elementos determinantes. Nessa perspectiva, se destaca a ideologia de que a ‘mulher é um ser sem referência em si’, que sustenta todo o conhecimento produzido e acumulado pela cultura patriarcal, culminando com o saber tecnocrático vigente, que despreza e desqualifica todo saber que leve em conta a dimensão material da energia humana.

O autor sugere a impossibilidade de qualquer mudança real de indivíduos ou da sociedade sem que se supere o modelo de racionalidade patriarcal. Mostra, ao mesmo tempo, que essa superação é possível, porque a ideologia da mulher sem referência em si nasce de um processo histórico e, como tal, pode e deve ser superado.  Mas essa superação passa necessariamente pela (re)conquista coletiva da consciência da energia material humana. Sem essa noção, o ser humano tem perdido o referencial concreto de sua dimensão ética, aprofundando um sistema de hábitos e valores cada vez mais agressivos à sua própria natureza e motivadores da destruição da natureza que o rodeia

Coerente com esse raciocínio, o autor coloca em xeque a racionalidade do saber dominante que trata do comportamento e das relações do ser humano. Mostra que esse saber tem se assentado em um conceito de matéria já ultrapassado cientificamente. Em contraposição, aponta a sabedoria popular como a detentora de uma racionalidade mais consistente, porque ela sempre abordou a matéria como sendo uma relação entre massa e energia. Por causa disso, advoga o estudo do conhecimento gerado pela sabedoria popular como aquele que pode propiciar a formulação de uma visão de mundo menos alienante e, por isso, mais instrumental para a relação do indivíduo consigo mesmo e com seus semelhantes e, consequentemente, para a construção de uma sociedade mais humanamente racional, inspirada na busca da inocência original.